dieta da fertilidade

Como a alimentação pode interferir na fertilidade

ENTENDENDO A INFERTILIDADE

É muito difícil para um casal quando, após o término da realização de todos os exames solicitados, ao retornar ao consultório ou clínica, eles têm como resposta do médico que todos os resultados estão normais. Ante essa normalidade, alguns exames são repetidos, outros novos são sugeridos, uns mais difíceis e outros agressivos, mas, às vezes, ainda assim a resposta final é: NORMALIDADE. Qual o motivo, então, da dificuldade para engravidar? Não tem explicação? A resposta é: NÃO.

A Infertilidade Inexplicável ou Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA) é a dificuldade de um casal para engravidar, sem nenhuma razão aparente, após um ano ou mais de relações sexuais freqüentes e sem o uso de qualquer método anticoncepcional. Aproximadamente de 10% a 15% dos casais inférteis pertencem a este grupo. Sem dúvida, esta “falta de diagnóstico” definitivo leva essas pessoas a um sentimento de frustração e angústia bastante grande. Entretanto, não podemos nos esquecer de que a ciência progride numa velocidade tão grande que o desconhecido de hoje poderá, em um curto prazo de tempo, ser esclarecido, e o que hoje não tem explicação, amanhã pode ser explicável e tratável. Portanto, quando se fala em Infertilidade Sem Causa Aparente, significa o inexplicável no presente, e não no futuro. Mas o que interessa ao casal que procura um especialista é um diagnóstico e um tratamento para o presente.

A conduta médica deve ser baseada na idade da mulher, no tempo de infertilidade, na ansiedade e expectativa do casal e na disponibilidade econômica. Se uma mulher é extremamente jovem e está tentando engravidar há pouco tempo (um ano, por exemplo), pode- se aguardar ou realizar tratamentos simples e conservadores, como a indução da ovulação (ou relação sexual programada). Mulheres com mais idade merecem tratamentos com maiores chances de êxito (inseminação intrauterina, fertilização in vitro), pois, com o passar dos anos, as chances de gravidez diminuem gradativamente. O importante é deixar claro que Infertilidade Sem Causa Aparente ou Inexplicável é bastante comum em casais que não conseguem ter filhos.

Para esses casais, a introdução de terapias complementares, como a nutricional, e algumas mudanças de hábitos podem trazer inúmeros benefícios e ótimos resultados.

ASPECTOS NUTRICIONAIS NA FERTILIDADE FEMININA

A subfertilidade ou infertilidade conjugal é definida como a incapacidade de um casal engravidar após 18 meses de relacionamento sexual, excluído o uso de método contraceptivo (OMS). A habilidade para conceber não necessariamente está ausente, podendo estar apenas reduzida, condição denominada subfertilidade.

Na maioria das vezes, a condição de sub ou infertilidade está relacionada apenas à mulher, principalmente por ser ela a responsável pelo desenvolvimento da gestação. Mas é possível que, em alguns casos, a demora para alcançar a gestação também esteja vinculada a algum problema na fertilidade masculina.

Com a diminuição na taxa de fertilidade da população mundial e o aumento pela procura por tratamentos que melhorassem essa condição, o número de pesquisas na área também evoluiu. Os resultados dessas pesquisas têm demonstrado que, enquanto a privação alimentar e a desnutrição são as maiores causas de doença e morte em países subdesenvolvidos, o baixo peso e a obesidade são os problemas nutricionais que mais parecem interferir na saúde do sistema reprodutor em países desenvolvidos.

Acontece que, devido à evolução na qualidade de vida do brasileiro nos últimos 20 anos, passamos a ter taxas de obesidade mais próximas às dos países desenvolvidos, longe da realidade do passado em que a desnutrição era um problema de saúde pública.

Diferentes estudos afirmam que o baixo peso (IMC menor que 17 kg/ m2) e as condições de sobrepeso ou obesidade em mulheres (IMC maior que 25 kg/m2) estão associados a um aumento da infertilidade ou a desfechos gestacionais indesejados.

Esses extremos podem ocasionar alterações no funcionamento do sistema reprodutor e interferir negativamente na saúde reprodutiva do ser humano. Distúrbios hormonais, desequilíbrios entre nutrientes, resistência à insulina, dificuldade ou ausência de ovulação e alteração da quantidade ou qualidade dos espermatozoides são algumas das consequências do estado nutricional inadequado que podem aumentar o tempo ou impedir que uma gestação ocorra de forma natural.

Outros fatores também podem estar relacionados com o tempo para alcançar a gestação, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e cafeína e a prática inadequada de atividade física.

Quanto aos estudos que sugerem que o risco de desfechos gestacionais indesejados e o aumento do tempo para alcançar a gestação podem ter relação com o consumo excessivo de bebidas ricas em cafeína, o que se sabe é que esses resultados quase sempre estão associados com outros fatores, não podendo ser atribuídos exclusivamente à cafeína.

Sendo assim, é importante que para o sucesso da fertilidade do casal ambos os parceiros tenham uma condição física ideal, para que a gestação aconteça de forma segura e saudável. E, considerando que as mudanças de hábito, especialmente alimentares, são prazerosas, muito mais divertidas que usar medicamentos e não causam nenhum efeito colateral, por que não começar por elas?

Neste capítulo será abordado o papel do estado nutricional feminino e masculino na relação com a fertilidade.

OBESIDADE

Já está muito bem definido que a fertilidade é negativamente influenciada pelo sobrepeso ou obesidade em ambos os sexos. O excesso de peso em mulheres em idade fértil está relacionado com irregularidades menstruais, ciclos anovulatórios e infertilidade e resultados gestacionais indesejados.

Não está totalmente esclarecido o mecanismo pelo qual a obesidade interfere de forma tão negativa na saúde do sistema reprodutor. Sabemos, porém, que as diversas complicações decorrentes do excesso de peso estão relacionadas com o aumento do tempo para alcançar a gestação, abortos, perdas gestacionais e múltiplas complicações ginecológicas/ obstétricas.

O sistema reprodutor feminino é controlado por um complexo e delicado equilíbrio hormonal regulando o ciclo menstrual, a ovulação, o desenvolvimento do endométrio e a implantação do embrião, quando ocorre a gestação. Sendo assim, através de mecanismos diretos e indiretos, observou- se que a obesidade pode prejudicar, e muito, esse equilíbrio. Como mencionado em outros capítulos, um organismo saudável contribui para o sucesso de uma gestação saudável, desde a concepção até o parto.

O indivíduo obeso não está saudável e é natural esperar algumas consequências indesejadas resultantes do excesso de peso, o que não significa que a gestação não seja possível para as obesas. Mas é preciso ter em mente que o estado nutricional não saudável pode vir acompanhado de problemas, demandando maiores cuidados.

O tecido adiposo é um órgão que possui grande atividade endócrina, sendo o responsável pela secreção de uma série de hormônios e mediadores inflamatórios. A atividade destes compostos bioquímicos interfere negativamente na fertilidade. Esse tecido, presente em grande quantidade no organismo de indivíduos com sobrepeso e obesidade, pode causar modificações nos hormônios sexuais femininos e masculinos e pior qualidade dos óvulos e embriões. Quando ocorre a gravidez, alterações no ambiente uterino e disfunções vasculares e placentárias são obstáculos para uma gestação saudável.

Outro hormônio que apresenta um potencial efeito negativo sobre a fertilidade é a insulina. O excesso de peso leva à maior concentração desse hormônio no sangue, o que ocasiona alterações importantes na fisiologia ovariana e, em casos mais severos, ausência de ovulação.

O excesso de peso também está associado a maus resultados em diferentes passos do tratamento da infertilidade, com taxas de sucesso menores além da maior dificuldade técnica dos procedimentos.

Se é verdade que mulheres obesas com ou sem comorbidades, como resistência à insulina, dislipidemia ou diabetes Mellitus, podem apresentar piores resultados, é verdade também que o diagnóstico e intervenção precoces podem minimizar esses efeitos e contribuir com um estado nutricional mais saudável e seguro para mãe e, posteriormente, para o bebê, quando a gestação é alcançada.

BAIXO PESO

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é apenas o IMC acima dos níveis considerados saudáveis que pode interferir na saúde reprodutiva feminina. Tem-se discutido que o IMC abaixo da classificação de adequação também atua negativamente nas vias hormonais do sistema reprodutor feminino, ocasionando uma série de disfunções ovarianas e podendo originar uma condição de sub ou infertilidade.

A amenorréia (ausência de menstruação) hipotalâmica, que por definição é uma anormalidade caracterizada pela supressão dos eventos normais do ciclo, pode ser proveniente de uma série de fatores como baixa ingestão calórico-proteica e excesso de exercícios físicos de alta intensidade, podendo ambos estarem ou não associados, como acontece no caso de atletas. Mulheres com transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia, que passam por privações alimentares severas devido a alterações na percepção corporal, são exemplos clássicos de amenorreia por nutrição insuficiente, em alguns casos associada à excessiva carga de stress psicológico que caracteriza a doença.

As alterações no sistema reprodutor feminino ocasionadas pelo baixo peso podem levar à diminuição ou ausência da ovulação e outras disfunções geradas pelo complexo equilíbrio hormonal do sistema hipotálamo- pituitaria-ovariano que, neste caso, sofre com a queda dos níveis de hormônios envolvidos na fertilidade, como Gnrh, LH, FSH, e estrogênio. Todas essas alterações são capazes de alterar a função ovariana, impedindo o desenvolvimento de condições adequadas para que ocorra a ovulação.

PERDA OU GANHO DE PESO

Como atingir o peso ideal e contribuir com a fertilidade?

Como visto anteriormente, quando o objetivo é aumentar a fertilidade é fundamental que se atinja o peso ideal, tanto nos casos de sobrepeso ou obesidade quanto para aquelas pessoas cuja condição é de baixo peso ou desnutrição. Pesquisas recentes revelam que, após alcançar o peso ideal através da correção dos hábitos alimentares, mulheres apresentaram melhora na função ovariana e na fertilidade, sugerindo que os efeitos adversos provenientes do baixo peso ou do sobrepeso possam ser revertidos a médio prazo.

Foi observado, em uma pesquisa realizada apenas com mulheres obesas que apresentavam problemas de fertilidade, que após a redução de peso através de dieta e mudanças no estilo de vida a função menstrual melhorou em 80% e a taxa de gravidez aumentou em 29%. Esses resultados foram explicados pela significativa diminuição nos níveis de insulina e de alguns hormônios androgênicos.

Dessa forma, a conduta mais indicada é a normalização do peso, deixando- o em níveis adequados de IMC (entre 19,5 kg/m2 e 24,5 kg/m2) por meio de alterações nos hábitos alimentares e no estilo de vida, de preferência com monitoramento profissional, a fim de evitar um prolongamento no tempo para alcançar resultados satisfatórios. Não há tempo a perder.

Além de o organismo recuperar seu equilíbrio endócrino, outros pontos positivos são observados em um processo de reeducação alimentar, e incluem a melhora do controle da pressão arterial e do nível de glicose do sangue, reduzindo o risco de diabetes gestacional. Dessa forma, é possível concluir que atingir o peso ideal deveria ser conduta obrigatória a ser prescrita no tratamento de mulheres inférteis, não apenas para alcançar a gestação, mas principalmente para preparar o organismo para receber e desenvolver a gestação de forma adequada e saudável.

Obesidade mórbida

Outra discussão recente são os casos de mulheres com obesidade mórbida (obesidade com complicações associadas, como diabetes, dislipidemias, hipertensão e doenças cardiovasculares) que buscam tratamento de fertilidade. A perda de peso através de intervenção cirúrgica deve ser considerada, afinal, esse é o tratamento de redução de peso mais efetivo disponível para esse tipo de obesidade.

Considerando que esta cirurgia promove a perda de peso de “forma rápida”, quando comparada aos tratamentos comportamentais e ou por fármacos, a cirurgia bariátrica passa a ser considerada frequentemente por médicos no tratamento de pessoas portadoras de obesidade mórbida, afinal, diversos estudos na área relacionam, até o momento, seus resultados com a melhora tanto da fertilidade como do funcionamento do sistema reprodutor feminino de forma geral.

A partir da redução de algumas destas condições características do ganho excessivo de peso, seu efeito benéfico pode ser explicado, pois é possível observar a normalização de algumas funções hormonais diretamente relacionadas com a infertilidade.

Se nos casos de obesidade a perda de peso está associada com a normalização das funções hormonais, o mesmo pode acontecer com mulheres desnutridas após o ganho de peso. A correção, quando feita de forma saudável, pode melhorar tanto a frequência ovulatória quanto aumentar as chances de alcançar a gestação.

A mudança no comportamento alimentar é a intervenção mais efetiva e segura para adequação do peso corporal. Além disso, é natural. Esta mudança deve ser feita a partir de um ajuste realizado na ingestão calórica total, após avaliação da necessidade nutricional diária, priorizando a presença de proteínas de alto valor biológico, como peixes e carnes magras e gorduras de boa qualidade, como aquelas provenientes de óleos vegetais e sementes oleaginosas.

A intervenção deve respeitar as particularidades de cada paciente, já que em mulheres inférteis a associação com outras condições ou patologias, como no caso das atletas ou daquelas que sofrem de transtornos alimentares, é frequente. Por isso, além da modificação dietética, deve ser considerada uma moderação na carga do exercício físico, e para as mulheres que apresentam distúrbios de imagem corporal é fundamental um intenso acompanhamento psicológico.

DICAS PRÁTICAS PARA MULHERES QUE BUSCAM ATINGIR O PESO SAUDÁVEL

Mulheres com baixo peso ou excesso de peso que apresentam problemas de fertilidade devem realizar as seguintes modificações em seu hábito alimentar:

• substituição de alimentos industrializados por alimentos frescos e naturais;
• correção da ingestão calórica de acordo com as necessidades diárias;
• determinação de nova rotina com planejamento alimentar diário;
• redução do consumo de alimentos fontes de cafeína (café, refrigerante à base de cola, chás mate e preto e chocolate);
• fracionamento do dia alimentar com refeições a cada três horas, fazendo até oito por dia, sendo a última três horas antes de dormir;
• priorização de alimentos lácteos com baixo teor de gorduras;
• introdução de frutas, verduras e legumes diariamente na rotina;
• adequação do consumo de gorduras totais de boa qualidade;
• substituição de carboidratos simples (refinados) por carboidratos complexos;
• suspensão do consumo de alimentos embutidos, enlatados ou ultraprocessados, como congelados, devido à ausência de nutrientes e ao excesso de sódio e gorduras em suas composições;
• prática regular de atividade física adequada para cada caso; • E, novamente, para não esquecer: substituição de alimentos industrializados por alimentos frescos e naturais.

Há ainda orientações específicas a serem feitas às mulheres com sobrepeso ou obesidade e baixo peso. Elas estão listadas separadamente a seguir:

SOBREPESO/ OBESIDADE:

O consumo de alguns alimentos deve ser reduzido ou até eliminado da rotina da mulher que pretende perder peso, por serem pobres em nutrientes e possuírem alto teor calórico e gorduroso. São eles:

• alimentos industrializados refinados e ricos em açúcar (biscoitos, pães brancos, massas recheadas etc.);
• alimentos em conserva (milho, ervilha, atum, molho de tomate, palmito, picles etc.);
• alimentos embutidos (linguiça, salsicha, hambúrgueres, presunto, peito de peru, mortadela etc.);
• salgados de padarias e lanchonetes, fritos (coxinha, risole, pastel) ou assados (empada, esfiha, pão de queijo);
• “alimentos infantis” (biscoito recheado, salgadinho, petit suisse, sobremesas cremosas, sorvete);
• frituras ou qualquer alimento preparado na presença de uma grande quantidade de óleo (mais que uma colher de sopa);
• refrigerantes e sucos industrializados que contenham açúcar em suas composições;
• bolos, doces concentrados (geleias e compotas), chocolates, leite condensado,
creme de leite e sorvetes à base de leite; • preparações muito elaboradas, como risotos, molhos à base de creme ou queijos, tortas, quiches, escondidinhos, estrogonofes etc.;
• alimentos refinados e preparações ultraprocessadas (arroz branco, macarrão refinado, alimentos industrializados congelados como lasanha, nuggets, frango empanado, tortas prontas etc.);
• carnes preparadas com gordura aparente (picanha, frango com pele, carne de porco com capa de gordura etc.);
• alimentos em pó, como sopas, e temperos prontos, por possuírem quantidades muito superiores de sódio em suas composições;
• molhos industrializados, como molhos de salada, catchup, mostarda, molho inglês etc.
• queijos amarelos e cremosos.

BAIXO PESO:

Mulheres que possuem baixo peso originado por restrições severas ou distúrbios de comportamento alimentar, na maioria dos casos necessitam de acompanhamento nutricional e psicológico intensos, para definição de metas e suporte a longo prazo. Para essas pacientes o ganho de peso pode ser visto como algo indesejado e o abandono do tratamento é bastante frequente.

• correção da ingestão alimentar diária de acordo com a necessidade nutricional do paciente;
• estabelecimento dos horários das refeições a fim de não ultrapassar o intervalo de três horas entre elas;
• ingestão de pequenos volumes nas refeições, porém de alto valor nutricional;
• escolha por preparações ricas em proteínas de alto valor biológico (carnes magras, aves, peixes, feijões, quinoa, soja e outras);
• uso regular de óleos vegetais insaturados, como azeite, óleo de milho, canola ou girassol;
• inclusão de alimentos de alta densidade nutricional e calórica, como nozes, amêndoas, pistache, quinoa, iogurtes, peixes, óleos vegetais etc.;
• introdução de alimentos lácteos integrais, como leite, iogurte e queijos; • eliminação de alimentos dietéticos ou light da rotina alimentar;
• consumo diário de alimentos integrais e naturais, como verduras, frutas, legumes e cereais;
• inclusão de líquidos de boa qualidade, de preferência água pura, água de coco, sucos naturais, vitaminas à base de leite e sopas;
• redução do ritmo, frequência ou intensidade da atividade física, a fim de diminuir o gasto calórico total.

Através do diagnóstico e intervenção precoce, é possível adequar o peso do indivíduo e, dessa forma, minimizar os efeitos de um estado nutricional inadequado. Pesquisas recentes demonstram que o ganho de peso em mulheres desnutridas, assim como a perda em mulheres com excesso, estão associados com a melhora da infertilidade ovulatória sem causa aparente (primária). Além disso, pessoas que apresentam consumo alimentar inadequado, seja ele inferior ou superior às recomendações calórico-proteicas diárias, possuem grandes chances de não manter suas reservas orgânicas de vitaminas e minerais importantes para o funcionamento do sistema reprodutor.

Mesmo que a abordagem cirúrgica ou medicamentosa tenha sido utilizada, a correção do comportamento alimentar através de ajustes na qualidade (alimentos e preparações) e na quantidade (volume e frequência) de alimentos consumidos deve sempre ser estimulada. Caso o comportamento permaneça inadequado, a regra é recuperar o peso anterior. É simples: um comportamento alimentar tem como consequência um peso. Se o comportamento não mudar, o peso voltará ao padrão anterior ao “regime”, o que pode acontecer inclusive após as cirurgias bariátricas.

Se a alimentação inadequada levou a um corpo pouco saudável, o que não é sinônimo de obeso, a melhor e mais natural forma de recuperar a saúde é se alimentar melhor. É barato, prazeroso e sem inconvenientes.

MODELO DE CARDÁPIO PARA AJUSTE DO PESO CORPORAL TOTAL

Café da manhã
Leite semidesnatado batido com baunilha e aveia
Pão multigrãos
Queijo fresco
Ameixa fresca

Lanche da manhã
Banana polvilhada com leite em pó

Almoço
Macarrão integral
Molho de abobrinha com tomate
Sobrecoxa de frango com molho de maracujá
Salada de alface romana com cenoura ralad
Sobremesa: caqui

Lanche da tarde I
Salada de frutas com granola e iogurte

Jantar
Salada de mandioquinha com chuchu na salsa
Filé de linguado grelhado com cebola roxa dourada
Espinafre refogado
Sobremesa: abacaxi

Ceia
Copo de leite semidesnatado morno com canela
Biscoitos integrais (2 a 3 unidades)

ASPECTOS NUTRICIONAIS NA INFERTILIDADE MASCULINA

De acordo com dados recentes, aproximadamente 15% dos casais têm problemas de fertilidade e até 40% deles terão como causa um problema exclusivamente masculino.

O estado nutricional e o estilo de vida podem causar grande influência na fertilidade, tanto feminina quanto masculina. O conjunto de hábitos e práticas diárias, como consumo alcoólico, tabagismo, prática de atividade física e consumo alimentar, podem afetar a saúde reprodutiva. Acredita-se que os efeitos desses hábitos possam interferir negativamente na produção do sêmen, bem como na sua qualidade, quantidade e motilidade.

A escolha de adiar a paternidade também pode interferir na capacidade reprodutiva do homem, afinal, ao longo dos anos as células do sistema reprodutor podem sofrer danos e ter sua atividade ou eficácia diminuídas. Alguns aspectos ambientais, como exposição excessiva ao calor, radiação, produtos químicos e metais pesados, também podem afetar a qualidade e a gênese de espermatozoides.

Como será melhor esclarecido no capítulo13(“Alimentos que nutrem a fertilidade”) sobre os poluentes ambientais, a exposição frequente a pesticidas e falsos hormônios, os xenoestrógenos, pode causar o excesso de estrogênio no organismo masculino e afetar a síntese de espermatozoides. Além disso, o excesso de estrogênio circulante no organismo masculino também pode inibir a produção de enzimas envolvidas na síntese de testosterona.

Com relação ao hábito de fumar, este pode estar relacionado com a diminuição da concentração de vitaminas antioxidantes do plasma seminal, condição que expõe o esperma a um risco aumentado de dano oxidativo. Além disso, o tabagismo também pode causar alterações na motilidade e na forma dos espermatozoides. Já o consumo excessivo de álcool pode causar um aumento do estresse oxidativo generalizado, afetando também sua capacidade reprodutiva.

Sendo assim, apesar dos poucos estudos realizados até o momento, conclui-se que hábitos inadequados e deficiências nutricionais podem exercer influência negativa também no sistema reprodutor masculino.

PESO E INFERTILIDADE

Os efeitos negativos do peso sobre as funções reprodutivas masculinas são menos evidentes e menos explorados. As pesquisas disponíveis nessa área descrevem um estreito relacionamento entre a obesidade e a infertilidade masculina.

O excesso de peso no homem pode interferir na espermatogênese (a produção de espermatozoides), alterar algumas características do sêmen, afetar a função endócrina e levar à disfunção erétil causada pelas alterações no perfil hormonal. Com relação ao peso abaixo dos valores esperados, até o momento não foi apresentado nenhum resultado conclusivo que associasse os efeitos do baixo peso com as alterações nas funções reprodutivas masculinas.

É importante reforçar que peso corporal é consequência de hábitos alimentares, atividade física e influência genética. É possível, portanto, alimentar- se mal e ter um peso considerado adequado. Não é o peso que define o estado nutricional do indivíduo, e mesmo com um peso normal pode haver piora da função reprodutiva quando não se come bem.

DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS

Deficiências ou carências nutricionais são definidas como situações em que ocorre o consumo inadequado, ou ausente, de um ou mais nutrientes, prejudicando funções do corpo dependentes destes nutrientes.

Diversos fatores estão envolvidos nas deficiências nutricionais: socioeconômicos, culturais (tabus e crenças) e maus hábitos alimentares. É importante ressaltar que as deficiências nutricionais surgem em decorrência de uma alimentação inadequada a curto, médio ou longo prazo. Essas carências originam-se de acordo com a qualidade da alimentação e a frequência com que determinados alimentos são inseridos na rotina do indivíduo.

O consumo alimentar deficiente em nutrientes importantes para a manutenção das funções reprodutoras, seja ele superior ou inferior às recomendações diárias, pode ter relação com a má qualidade, a baixa concentração, a alteração da forma e a produção de espermatozoides.

A seguir, estão listadas as deficiências mais comuns observadas em
homens com problemas relacionados à fertilidade:

Carnitina

A principal função desse aminoácido é promover aporte energético aos espermatozoides, contribuindo para sua motilidade. Tal processo ocorre no epidídimo, pequeno duto que coleta e armazena os espermatozoides produzidos pelo testículos. A carnitina também está envolvida no processo de maturação dessas células. Esses processos são fundamentais, pois o esperma epididimal utiliza a oxidação dos ácidos graxos (ômegas 3, 6 ou 9) como a principal fonte de energia, e tendem a concentrar carnitina; e é aí que entra a necessidade desse aminoácido, para o transporte dos ácidos graxos dentro dessas células. Sendo assim, baixos níveis de carnitina podem reduzir as concentrações de ácidos graxos nas mitocôndrias*, levando a uma diminuição na produção de energia e causando alterações importantes na motilidade do espermatozoide.

Principais fontes de carnitina: ela é produzida pelo organismo (no fígado e nos rins) a partir de outros dois aminoácidos, lisina e metionina, obtidos através de alimentos de origem animal presentes na dieta em quantidades suficientes. Indivíduos que fazem restrições alimentares muito severas, como vegetarianismo, apresentam níveis inferiores de carnitina quando comparados com indivíduos que possuem uma alimentação equilibrada. A escassez dos aminoácidos lisina e metionina na dieta de vegetarianos pode comprometer a produção da carnitina.

Arginina

A arginina é outro aminoácido importante para a produção de compostos envolvidos na motilidade dos espermatozoides. A ausência de alimentos fontes desse aminoácido na rotina alimentar pode comprometer a fertilidade masculina.

* Mitocondrias são um dos constituintes das células animais que funcionam como as “casas de forças” das células, pois são responsáveis pela produção de energia para todas as atividades celular.

Fontes alimentares de arginina: carnes magras, leites, queijos, ovos, cereais integrais, feijões e alho.

Zinco

Zinco é um mineral essencial para o funcionamento do sistema reprodutivo masculino. Uma série de mecanismos bioquímicos é dependente do zinco, incluindo a produção de mais de 200 enzimas no corpo5. Sua deficiência pode estar associada com a diminuição dos níveis de testosterona e da quantidade de espermatozoides.

A concentração de zinco no esperma é extremamente alta quando comparada com outros fluidos e órgãos do corpo. As quantidades são menores em homens com problemas de fertilidade, e, além disso, uma grande variedade de estudos relata que a suplementação de zinco tem se mostrado eficiente no tratamento da infertilidade masculina.

Fontes alimentares de zinco: carnes, peixes, leite, queijos, feijões, oleaginosas e semente de abóbora.

Antioxidantes

Os espermatozoides têm concentração controlada de radicais livres necessários para a fertilização. Entretanto, altas concentrações destes compostos podem causar danos nas células espermáticas. Este desequilíbrio tem sido considerado como uma das possíveis causas que levam à infertilidade. Para prevenir ou minimizar a ação desses radicais livres sobre o sistema reprodutor masculino, é necessário incorporar uma dieta rica em vitaminas antioxidantes.

A seguir, serão relacionadas as principais funções dessas vitaminas, bem como os efeitos das sua deficiência no organismo.

Vitamina C ou ácido ascórbico

A concentração de vitamina C é dez vezes maior no plasma seminal do que no sangue, e o efeito dessa vitamina vem sendo cada vez mais evidenciado na motilidade dos espermatozoides.

O nível de ácido ascórbico no plasma seminal está relacionado à ingestão dietética. Os baixos níveis de Vitamina C podem aumentar os danos ao material genético dos espermatozoides e levar à infertilidade.

As concentrações de vitamina C parecem ser afetadas em homens que fumam. Em uma pesquisa realizada na Universidade do Texas com 75 homens fumantes verificou-se a relação entre a vitamina C e a qualidade dos espermatozoides. Houve uma melhora significativa na motilidade dessas células no grupo que recebeu suplementação, enquanto nenhuma alteração foi observada no grupo que não a recebeu.

Outro estudo, realizado com 30 homens casados com mulheres sem problemas de fertilidade, avaliou os benefícios da vitamina C sobre a produção de espermatozoides. Os participantes apresentavam infertilidade sem causa aparente, e foram divididos em 2 grupos. O grupo de homens que recebeu a suplementação de vitamina C já na primeira semana apresentou aumento de 140% na produção de espermatozoides. No grupo que não recebeu intervenção alguma, nenhum efeito foi observado. Ao final da pesquisa, cerca de 60 dias após o início da suplementação, constatou- se que todos os homens que receberam vitamina C engravidaram suas parceiras, enquanto, no outro grupo, nenhuma gestação ocorreu.

Fontes alimentares de Vitamina C: abóbora, agrião, alface, alho, abacaxi, acerola, açaí beterraba, brócolis, carambola, caju, laranja, morango, kiwi, mexerica, maracujá, limão.

Vitamina E

A vitamina E é outra importante vitamina antioxidante. É também o maior antioxidante presente nas membranas dos espermatozoides, possivelmente protegendo-os contra dano oxidativo.

Diversos estudos têm mostrado que baixos níveis de vitamina E podem estar relacionados com a diminuição da fertilidade masculina. Tem- -se discutido também a relação da vitamina E com a melhora na habilidade de o espermatozoide fertilizar óvulos nas técnicas de fertilização in vitro. Esse resultado foi observado em algumas pesquisas, porém mais dados serão necessários para confirmar tal benefício.

Dessa forma a ingestão adequada de vitamina E por homens com fertilidade reduzida pode promover uma melhora na quantidade e na qualidade dos seus espermatozoides. Apenas não se sabe, até o momento, se esta melhora representa um progresso quanto à fertilidade em si. Fontes alimentares de vitamina E: semente de abóbora, azeite de oliva, vegetais verde-escuros, cereais integrais, abacate, salmão e ovos. Estes alimentos são constituídos das quatro formas de vitamina E, mas é o tocoferol, seu principal precursor, que representa a forma antioxidante mais potente.

Glutationa

A glutationa é mais um potente antioxidante presente na maioria das células corporais e que participa de uma série de mecanismos fisiológicos contra a ação de radicais livres nas membranas. Por essa razão, pode-se dizer que ela é também essencial para proteger os espermatozoides do estresse oxidativo. Sugere-se que possa agir indiretamente no espermatozoide através de melhora nas condições das estruturas epididimais e testiculares.

Dessa forma, a ação da glutationa pode ser descrita como minimizadora dos efeitos de radicais livres, favorecendo a ação antioxidante do alfa-tocoferol (vitamina E) na membrana plasmática do espermatozoide através da regeneração dessa vitamina.

Fontes alimentares de glutationa: frutas frescas, legumes e verduras in natura, carnes magras, pescados, cebola e alho.

Glutationa e selênio

Selênio e Glutationa são essenciais na formação da espermátide*, colaborando para a formação de mais de 50% da cápsula mitocondrial presente no espermatozoide maduro. A deficiência de pelo menos uma dessas substâncias pode levar à instabilidade na morfologia do espermatozoide, resultando em defeitos de mobilidade.

Fontes alimentares de selênio: oleaginosas (avelãs, nozes, castanhas), salmão, camarão, marisco, fígado bovino, peito de frango, milho, arroz, farinha de centeio.

Selênio

O selênio é um nutriente essencial que participa de inúmeros processos corporais e pode ser encontrado em abundância no solo. No corpo humano, ele está presente em grande concentração nas células de rins, fígado, baço, pâncreas e testículos (KRAUSE, 2005).

Nos homens, o selênio é essencial para a produção de espermatozoides, e pelo menos metade do selênio corporal está localizado nos testículos e ductos seminais ligados à próstata.

Pesquisadores observaram que a deficiência desse mineral diminuía as taxas de fertilidade tanto em homens como em animais. Quando os níveis de selênio estão baixos, os espermatozoides podem perder parte de sua mobilidade, pois sua cauda está “enfraquecida ou deformada”.

Além disso, o selênio é conhecido por ser um antioxidante que previne o dano dos radicais livres e age sinergicamente com a vitamina E (também aumentando a mobilidade do esperma) e com glutationa, além de preservar a elasticidade do tecido.

A despeito do papel fundamental exercido pelo selênio na fisiologia dos espermatozoides, não há comprovação de que a reposição ou suplementação deste mineral aumente efetivamente a fertilidade masculina.

Fontes alimentares de selênio: feijões, peixes, frutos do mar, carne bovina, vísceras, aves, produtos à base de cereais integrais, como pães, e oleaginosas, como castanha, amêndoas e pistache.

Coenzima Q 10

A coenzima Q 10 é uma substância química também conhecida como CoQ10, vitamina Q10, ubidecarenona ou ubiquinona. É produzida pelo organismo, mas também pode ser obtida via dieta ou por meio de suplementos alimentares.

A coenzima Q10 é um importante componente da cadeia respiratória que fica no interior das células, mais especificamente na mitocôndria (organela responsável pela respiração das células). A CoQ10 possui função essencial no metabolismo energético (produção de energia) e por essa razão está presente em praticamente todas as células do organismo.

Nas células espermáticas, a coenzima Q10 aparece mais concentrada na parte intermediária, envolvida na produção de energia, e está relacionada com a movimentação dos espermatozoides. Além disso, ela também age como um potente antioxidante não enzimático, prevenindo a oxidação das membranas dos espermatozoides, reciclando a vitamina E disponível e protegendo o material genético presente nessas células.

A CoQ10, quando administrada em conjunto com a vitamina E, transforma-se em um novo complexo antioxidante mais eficiente, denominado vitamina E-ubiquino, um dos agentes mais importantes no organismo contra a ação de radicais livres.

A absorção da coenzima proveniente da dieta ou dos suplementos ocorre no intestino delgado e é influenciada pela presença de alimentos e bebidas, podendo ser melhor aproveitada quando associada a alimentos ricos em gorduras de boa qualidade. Depois de absorvida, é transportada ao fígado, onde sofre transformação na presença de colesterol LDL e fica concentrada nos tecidos.

A concentração de CoQ10 nos tecidos humanos atinge seu pico aos 20 anos, diminuindo com o aumento da idade. Por essa razão, faz-se necessário o consumo de alimentos fontes diariamente ou o uso de suplemento com o intuito de repor gradativamente essas reservas.

Após uma série de estudos destacando as implicações da CoQ10 na infertilidade masculina, publicações mais recentes confirmaram a eficácia desse composto na melhora da qualidade do sêmen em pacientes com Infertilidade Sem Causa Aparente após suplementação com doses entre 200 e 300 mg/dia durante 6 meses. Porém, apesar dos efeitos positivos observados após a suplementação, esses estudos não avaliaram a ocorrência de gestação, não sendo possível estabelecer uma ligação direta entre a reposição da coenzima Q10 e o aumento das taxas de fertilidade.

Fontes alimentares de coenzima Q10: carne, aves e peixes são as fontes mais concentradas. Pequenas quantidades podem ser encontradas em cereais, soja, nozes e vegetais, tais como espinafre e brócolis.

Vitamina B12

A vitamina B12, em suas várias formas, vem sendo cada vez mais estudada, também por seu efeito na fertilidade masculina. Possui fundamental importância na replicação celular, principalmente para a síntese de material genético (DNA e RNA), e sua deficiência está associada com a diminuição da quantidade e da mobilidade dos espermatozoides.

De acordo com algumas pesquisas, mesmo que não exista deficiência da vitamina, sua suplementação poderia ser benéfica para os homens com quantidade de espermatozoides menor que 20 milhões/ml ou com a taxa de mobilidade menor do que 50%.

Fontes alimentares de vit. B12: laticínios, ovos, peixes, carnes e feijões.

Cafeína

Os estudos que relacionam o consumo de cafeína com a infertilidade masculina ainda são poucos e muito contraditórios. Há estudos mais antigos que sugerem que o consumo de café poderia interferir negativamente na concentração, forma, mobilidade e, em alguns casos, levar à morte dos espermatozoides.

Outros pesquisadores sugerem que o consumo de café pode exercer efeito positivo sobre a mobilidade dos espermatozoides, mas não nas taxas de fertilidade. Há ainda estudos neutros, em que não se observa qualquer efeito da cafeína na função dos espermatozoides.

Portanto, a influência da cafeína na fertilidade masculina segue classificada como inconclusiva, mostrando-se muito mais relacionada com alterações e desfechos indesejados na gestação quando o consumo é feito pela mulher.

Soja

Apesar dos poucos estudos com esse tema apresentarem resultados inconclusivos, um dos compostos da soja, mais especificamente o fitoestrogenio isoflavona (conhecido por possuir uma fraca atividade estrogênica, sendo capaz de se ligar aos receptores de estrógeno), parece atuar de forma negativa no organismo masculino, influenciando a qualidade dos espermatozoides.

Assim, o consumo excessivo de soja e de alimentos derivados dela poderia diminuir a concentração de espermatozoides. No entanto, muitos outros contestam esta teoria e, por essa razão, ainda não foram esclarecidos os reais efeitos da soja na fertilidade masculina.

A recomendação do IPGO é optar por uma dieta completa e variada que contenha uma quantidade não excessiva de alimentos à base de soja.

Fontes alimentares de nutrientes envolvidos na fertilidade masculina
Nutrientes Fontes alimentares Alimentos
Carnitina Carnes e laticínios Carne bovina, leite integral e bacalhau 
Arginina Carnes, peixes, ovos, laticínios,
oleaginosas
Carnes magras, leite, queijo, nozes, castanha do Brasil, coco, proteína de soja isolada, aveia e cereais integrais
Zinco Frutos do mar, carne, laticínios, ovos, leguminosas, cereais integrais, oleaginosas Ostras, caranguejos, feijões, grão-de-bico, carne bovina, aves como galinha e peru, leite, iogurte 
Vitamina C Frutas e hortaliças Suco de laranja, laranja, morango, pimentão vermelho, brócolis 
Vitamina E Carnes, laticínios e óleos vegetais, oleaginosas, vegetais verdes escuros, cereais integrais  Amêndoas, avelãs, azeite de oliva, oleo de milho, canola, soja e girassol, espinafre, gérmen de trigo 
Glutationa Carnes, peixes, frutas, verduras e legumes  Carnes magras, abacate, brócolis, espinafre, aspargos, frutas secas, nozes, cebola e alho 
Selênio Carnes, peixes, frutos do mar, grãos e cereais, oleaginosas  Castanha do Brasil, salmão, linguado, atum, carnes orgânicas, arroz e pães integrais, carne de caranguejo, macawrrão enriquecido 
Coenzima Q10 Carnes, aves, pescados, leguminosas, óleos vegetais e oleaginosas  Carne bovina, arenque, cavalinha, frango, soja, óleo de soja e canola 
Vitamina B12 Frutos do mar, carne, ovos, laticínios, vegetais e cereais integrais  Moluscos, mexilhões, caranguejo, salmão, carne bovina 

Fonte: The Nutrient Data Laboratory (NDL) - USDA’s (United States Department of Agriculture) National Nutrient Database for Standard Reference / Linus Pauling Institute(LPI) - Micronutrient Research for Optimum Health

DICAS PRÁTICAS PARA HOMENS QUE BUSCAM ATINGIR O PESO SAUDÁVEL

Conforme proposto para mulheres com infertilidade sem causa aparente, a correção de peso e a aquisição de hábitos alimentares saudáveis são igualmente recomendadas para homens com capacidade reprodutiva reduzida. Também eles apresentam bons resultados na correção de desequilíbrios hormonais e carências nutricionais, com impacto positivo na fertilidade.

A melhor forma de prevenir o desenvolvimento de qualquer tipo de carência ou excesso nutricional ainda é por meio de uma dieta equilibrada, distribuída ao longo do dia e que contenha alimentos de todos os grupos, com a maior variedade possível.

A reeducação alimentar é uma das formas mais eficientes e seguras não apenas na prevenção, mas também na recuperação desses desajustes nutricionais, e os passos a serem seguidos são mais fáceis do que você imagina.

1. Talvez o passo mais importante de todos: evite os alimentos industrializados. Eles possuem alto teor calórico, excesso de sódio, gorduras, corantes, e conservantes. Além disso, são pobres em vitaminas, fibras e minerais. Alimentos industrializados são bons para a indústria, não para você.

2. Use somente gorduras de boa qualidade, à base de óleos vegetais, como o azeite de oliva e óleos de girassol, linhaça e canola.

3. Suspenda o consumo de gordura aparente das carnes. Esses alimentos possuem gorduras saturadas e colesterol em excesso, prejudiciais para a saúde de todo o organismo.

4. Prefira carnes magras e peixes para compor suas refeições principais.

5. Substitua os carboidratos refinados pelos complexos, ou seja, carboidratos brancos pelos integrais. Além de possuírem fibras, esses alimentos possuem seus nutrientes preservados quando comparados com aqueles que passaram por um processo de refinamento.

6. Garanta a ingestão diária de frutas, verduras e legumes frescos. De acordo com a pirâmide alimentar, as porções diárias recomendadas para adultos são:
• 4 porções de frutas/dia
• 2 porções de legumes/dia
• 2 porções de verduras/dia

7. Prefira água e sucos naturais a sucos industrializados e bebidas alcoólicas. Refrigerantes adoçados devem ser evitados sempre.

8. Prefira leite e derivados magros e, sempre que possível, orgânicos.

9. Procure atingir seu peso saudável. Se você necessita de ajuda profissional para lhe guiar nessa tarefa, não hesite em procurá-la.

10. Em casos de sedentarismo, inicie a prática regular de qualquer atividade física.

Palavra do IPGO

Independentemente da causa da infertilidade, é fundamental a compreensão de que o casal, e não apenas o homem ou apenas a mulher, é infértil. E para obter melhores resultados, é importante que o CASAL se envolva no tratamento.

Está comprovado que quando ambos aderem às mudanças propostas, o tempo de tratamento é menor e os resultados são melhores quando comparados com casais em que somente um dos dois adota essas mudanças. É sempre importante receber apoio quando se quer mudar um comportamento, principalmente o alimentar. Ter que abdicar de velhos costumes quando o outro membro do casal insiste em mantê-los dificulta a adoção dos novos hábitos.

Todas as recomendações feitas, tanto para os homens quanto para as mulheres com problemas de fertilidade, podem ser aplicadas de forma simples e segura. Elas possuem baixo custo, não têm efeitos colaterais e trazem enormes benefícios para a saúde, para todos e por toda a vida. Se o casal adquirir novos hábitos e atingir a gestação, certamente gerará e criará filhos mais saudáveis!

Alimentar-se de forma saudável é um dos pilares da boa saúde, junto com a atividade física e boa qualidade de sono. Por que não aproveitar uma decisão tão importante quanto a de ter um filho como estímulo para início de uma vida melhor?

Mãos à obra!

 
As informações contidas neste site têm caráter informativo e educacional e, de nenhuma forma devem ser utilizadas para auto-diagnóstico, auto-tratamento e auto-medicação. Quando houver dúvidas, um médico deverá ser consultado. Somente ele está habilitado para praticar o ato médico, conforme recomendação do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA.