Recentes avanços da ciência vêm aumentando o tempo de vida das pessoas. O ser humano a cada ano vive mais, é mais saudável, tem melhor qualidade de vida e é capaz de executar atividades físicas, intelectuais e profissionais que, até então, com a mesma idade, não conseguia executar. Isso é muito bom! Entretanto, a capacidade reprodutiva das mulheres praticamente nada evoluiu, impedindo que possam ter filhos numa idade mais avançada. Em contrapartida, os homens, mesmo perdendo parte de sua fertilidade após os cinquenta anos, continuam tendo a possibilidade de gerar filhos em idades bastante avançadas.
Muitas pessoas desrespeitam estas qualidades que a vida de hoje proporciona e mantém alguns comportamentos e hábitos de vida inadequados que comprometem a própria fertilidade. Por outro lado, alguns adultos não tiveram na adolescência a observação e atenção adequada dos próprios pais ou daqueles que dele cuidavam para algumas situações de relevância (obesidade, cólicas importantes, tabagismo, etc.,) que comprometeriam a fertilidade em situações futuras.
Embora quase todas as formas de dificuldade para engravidar possam ser tratadas, é inconcebível que, com tantas informações disponíveis nos meios de comunicação, algumas pessoas insistam em prejudicar a fertilidade de si próprias ou mesmo quando adultos, já como pais, deixem de chamar a atenção dos seus filhos para este mal (O SER HUMANO CONTRA ELE MESMO). Entretanto, existem outras situações evitáveis de perda da fertilidade como a falta de atenção e diagnóstico de algumas doenças comuns, ainda na adolescência, como a varicocele no homem e ovários policísticos e endometriose na mulher que quando tratadas precocemente não causariam à dificuldade em ter filhos (O SER HUMANO DESATENTO AOS PROBLEMAS DE SAÚDE). E ainda, existem situações que, alguns médicos, nos casos dos tratamentos do câncer ( quimioterapia, radioterapia ou cirurgias mutiladoras), esquecem de recomendar às suas pacientes que preservem a fertilidade pelo congelando óvulos ou espermatozoides (O SER HUMANO COM CÂNCER).Mesmo a perda da fertilidade com o avançar da idade da mulher, pode ser compensada com o congelamento antecipado dos óvulos (O SER HUMANO QUE ENVELHECE).
A fertilidade deve ser protegida e preservada desde a infância, pois desta maneira, muitos casais poderão manter vivo sonho de engravidar naturalmente, mas, caso não consigam a ciência se incumbirá de dar apoio e resolver a questão. Devemos agir assim para evitar que no futuro um número cada vez maior de pessoas passe por esta frustração.
DST’s – Doenças Sexualmente Transmissíveis, é um grupo de doenças infecciosas transmitidas principalmente através de relações sexuais que podem acometer o corpo humano nas regiões genital, anal, oral e ocular, mas, em alguns casos, podem também se estender para outros órgãos. Afetam tanto as mulheres quanto os homens. São responsáveis por 25% das causas de infertilidade: 15% para as mulheres e 10% para os homens. Geralmente podem ser prevenidas e controladas através de métodos contraceptivos de barreira (preservativo e camisinha feminina, associados a espermicidas) e orientações educacionais
que ajudam a modificar os comportamentos de risco como, por
exemplo, evitar muitos parceiros sexuais, bem como o uso de drogas e
relacionamento com parceiros que usam drogas ou que tenham outras pessoas com quem se relacionam sexualmente. Na maioria das vezes, as complicações podem ser evitadas pela detecção precoce da doença,
logo que houver suspeita de contaminação.
O grupo das DSTs inclui as infecções por Clamídia, Gonorréia, HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes Genital, Sífilis, Cancro mole ou cancróide, Donovanose, Linfogranuloma venéreo e Tricomoníase além do HIV(AIDS). Entre elas, as que comprometem mais diretamente o sistema reprodutivo estão a Clamídia e a Gonorréia que, principalmente nas mulheres, podem passar despercebidas. As outras como o HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes e Sífilis, não causam diretamente a infertilidade, mas podem prejudicá-la pelos efeitos colaterais indesejáveis dos tratamentos. Como exemplo importante observa--se o HPV, que pode levar a alterações cancerosas no colo do útero implicando numa cirurgia que retira parte deste órgão (conização). tion), nos Estados Unidos, mais de um milhão de mulheres por ano tem DIP (Doença Inflamatória Pélvica) e 100 mil delas terão problemas de fertilidade. DIP é uma complicação grave que, além dos riscos habituais de qualquer infecção, causa alterações anatômicas que distorcem a anatomia dos órgãos reprodutores, as quais, muitas vezes, são impossíveis de serem corrigidas. Esta complicação pode causar, na mulher, obstrução tubária e aderências, isto é, as tubas (trompas) grudam em outros órgãos, como intestino ou no próprio útero, perdem a mobilidade e impedem que os óvulos e espermatozóides se movimentem no seu interior, dificultando o encontro entre os dois. A gravidez tubária (gravidez fora do útero) pode ser também causada por este dano. O tratamento é realizado com antibióticos, podendo, em casos mais graves, ser necessário internação, cirurgia e até UTI.
O CDC também informa que 70% das mulheres e 50% dos homens infectados por Clamídia, não tem sintomas e 40% destas infecções quando não tratadas levam a DIP. Segundo Robert Stamb da Sociedade de Biologia Reprodutiva de Atlanta – Estados Unidos, a DIP causa infertilidade em 15% das mulheres quando ocorre o primeiro episódio de infecção. Se houver o segundo, causa em 35% e no terceiro causa em 75% delas.Nove por cento das pacientes que tiveram DIP, deverão ter gravidez tubária.
Algumas pessoas, quando contraem uma destas doenças, têm sintomas evidentes, se tratam e ficam curadas. Entretanto, outras podem ser assintomáticas, isto é, o indivíduo contrai a doença, mas não apresenta nenhum sintoma e, por isso, não procura um médico, nem se trata e ainda contamina outras pessoas. São as chamadas “infecções silenciosas” consideradas um agravante do processo infeccioso por permitir que a doença evolua para formas mais graves além de poder contaminar outros(as) parceiros(as), se os cuidados preventivos não forem tomados. Calcula-se que sejam diagnosticados 20 milhões de casos por ano no mundo inteiro, mas devem existir muito mais pela falta de diagnóstico decorrente destas “infecções silenciosas”. Acredita-se que até 50% da população poderá adquirir uma destas infecções, até os 35 anos.
É importante que as mulheres tenham consciência destes riscos. Muitas delas, ao se casar, desconhecem estes antecedentes do marido, contraem a doença e só vão dar conta que estão contaminadas quando tiverem dificuldades de engravidar e os exames revelarem a doença.
Por isso, se houver algum indício ou histórico de DST’s nos seus parceiros, estas mulheres deverão fazer a pesquisa destas doenças em um primeiro sinal de dificuldade de gestação ou até mesmo já nos exames pré-nupciais.
É importante que os homens também tenham consciência disso, pois os seus sintomas podem ser ainda mais “silenciosos” e passar anos sem este diagnóstico. Quando os sintomas aparecem, freqüentemente são: a uretrite (ardor ao urinar), prostatite (infecção da próstata) e a epididimite (infecção no epidídimo – local situado entre os testículos e a uretra, onde ocorre a maturação dos espermatozóides). Estas alterações podem prejudicar a qualidade do sêmen.
As alterações anatômicas do sistema reprodutor feminino estão entre as principais causas da infertilidade. Muitas delas são hereditárias como as malformações do útero: útero unicorno, bicorno, didelfo e septado, mas outras podem ser causadas por distorções da arquitetura estrutural dos órgãos, decorrentes de cirurgias. As intervenções cirúrgicas são normalmente benéficas para a cura das doenças, porém, se forem realizadas sem necessidade e com técnicas inadequadas prejudicam a saúde das pessoas podendo, entre outros problemas, causar infertilidade. Observa-se com frequência, em clínicas especializadas, pacientes que não conseguem engravidar por terem sido submetidas a intervenções cirúrgicas agressivas e mutiladoras, muitas vezes desnecessárias: ovários inteiros retirados ainda na adolescência; cistos simples operados sem necessidade, pois eram decorrentes de uma ovulação normal; miomas pequenos e inofensivos que foram extirpados etc.
Entre as cirurgias mais frequentes realizadas na mulher estão as cirurgias de miomas, cistos de ovário e endometriose.
É importante que a paciente saiba questionar o seu médico quando receber a indicação de um procedimento cirúrgico. É aqui que cabe a tarefa da própria paciente ou responsável por ela em observar as perguntas importantes que se seguem e que poderão ajudar na preservação da fertilidade.
Perguntas importantes
• É realmente necessária a intervenção cirúrgica?
• Existem outras alternativas de tratamentos para o meu caso?
• Existem outras técnicas cirúrgicas diferentes que têm vantagens sobre
esta que o senhor me indica?
• É urgente ou posso esperar e pensar para me decidir?
• Quais os riscos?
• Quais os benefícios?
• Quais as complicações?
• Como esta intervenção poderá interferir na minha fertilidade – melhorando
ou piorando?
As explicações médicas podem ser complementadas pela literatura, Internet “segura” ou uma segunda opinião. Essas medidas, muitas vezes, ajudam esclarecer dúvidas sobre a técnica cirúrgica mais indicada para cada caso (se a cirurgia for realmente necessária) além de aumentar o grau de confiança no cirurgião que irá operá-la ao comprovar sua experiência no tipo de intervenção por ele proposto. Hoje em dia, com o avanço rápido da tecnologia, cada médico especializa-se em um determinado tipo de técnica cirúrgica, e isto poderá fazer a diferença. Conhecer os detalhes que envolvem as doenças e a interferência delas na fertilidade exige conhecimentos específicos. Além do mais, especialistas de áreas diferentes têm interpretações diferentes da mesma doença. O especialista em reprodução humana, por exemplo, enaltece a maternidade que pode ser conseguida até os 55 anos (neste caso com óvulos de doadora) e por isso procura manter os órgãos pélvicos na sua melhor forma e função para a reprodução, esmerando-se em técnicas cirúrgicas mais conservadoras. Outros médicos podem ter uma posição diferente e muitas vezes correta, porém um pouco mais radical, por temerem desdobramentos indesejáveis da doença, além de, profissionalmente, não estarem envolvidos com a Preservação da Fertilidade. É importante que jovens, pais ou responsáveis, também tenham estas noções para poder ajudar a prevenir possíveis problemas futuros da fertilidade. É fundamental conhecer mais sobre cada doença para entender os prós e contras de cada intervenção cirúrgica. Mesmo não sendo médicos, estes conhecimentos poderão ajudar.
Entre os mais detestáveis produtos que afetam a fertilidade do homem e da mulher, estão as drogas ilícitas, também chamadas por alguns de “drogas recreativas”.
Calcula-se que até 37% da população com idade adulta tenha experimentado, alguma vez na vida, uma destas drogas.
Atualmente, chama a atenção uma nova modalidade de viciados usuários de drogas lícitas. Estas drogas são receitadas normalmente por médicos como remédios específicos para tratamento de determinadas doenças, mas, ao serem utilizadas de forma inadequada ou combinadas com bebidas alcoólicas, produzem efeitos alucinantes e estimulantes.
Este grupo de pessoas tem sido chamado de “Geração Prescrição”. Utilizam acombinação de solventes (éter e clorofórmio), benzodiazepínicos (ansiolíticos) e orexígenos (remédios para estimular o apetite), além de xaropes a base de codeína (xarope anti-tússico e alguns analgésicos), opiáceos, esteróides, barbitúricos (analgésicos potentes) e anticolinérgicos (Haldol, Haloperidol, Akineton, Bentyl e outros). Muitos destes produtos são utilizados como fonte de divertimento em festas noturnas.
Esta nova opção pode causar complicações ainda desconhecidas e representam um enorme perigo, uma vez que não existe ainda uma lei para punir os usuários. A cada ano novas drogas são introduzidas no “mercado
do vício”, mas nem todas são possíveis de serem estudadas em relação a fertilidade, embora o prejuízo causado por elas possa ser suspeitado quando comparadas a outras mais antigas. Todas elas agem no cérebro: estimulando, bloqueando e interferindo nos hormônios, muitos deles fundamentais para o bom funcionamento do sistema reprodutor. Por isso, todas elas perturbam a fertilidade tanto do homem como da mulher.
As drogas podem ser classificadas em:
Aumentam a atividade do cérebro. As pessoas ficam mais “ligadas”, elétricas e sem ono. São: nicotina, cafeína, cocaína e anfetamina.
Modificam a atividade do cérebro distorcendo, fazendo que as pessoas percebam as coisas deformadas e parecidas com imagens de sonhos. São: Maconha, LSD-25, Santo Daime, Cogumelo, Cacto e Anticolinérgicos.
Diminuem e deprimem o funcionamento do cérebro tornando as pessoas “desligadas”, “desinteressadas” e “devagar”. São: Álcoois, Inalantes, Solventes, Ansiolíticos, arbitúricos, Ópio, Morfina, Codeína e Heroína.
Existem muitas drogas disponíveis para o consumo e, muitas delas, felizmente, são menos usadas e divulgadas, mas merecem ser lembradas, pelos idênticos efeitos negativos que as mais conhecidas causam aos usuários. As mais conhecidas e comentadas são: maconha, cocaína, heroína, ecstasy, LSD e Crack – as duas primeiras são as mais estudadas. As relativamente conhecidas são Narguile e Santo Daime. As menos conhecidas são: GHB (gamahidroxibutirato), Special K (Cetamina-utilizada inicialmente só por veterinários), Merla (obtido da pasta da coca) e Cogumelos. Todas as drogas merecem atenção, uma vez que agem na atividade do cérebro que está intimamente ligado às funções reprodutivas e, por isso, podem levar a infertilidade.
Em qualquer idade, o álcool em excesso é prejudicial. Pode destruir o
indivíduo, desequilibrar suas relações pessoais e familiares, além de poder causar um custo imenso a sociedade. Calcula-se que ao longo da vida
cerca de 15% da população mundial teve algum problema com álcool.
No Brasil, jovens bebem cada vez mais e mais cedo. Nos últimos anos o consumo de álcool aumentou em 30% entre os jovens de 12 a 17 anos e em 25% entre 18 e 24 anos. Um estudo da UNESCO mostrou que 34,8% dos 50 mil estudantes brasileiros dos ensinos fundamental e médio são consumidores de bebida alcoólica.
Outro estudo feito pela Secretaria Nacional Antidroga (Senad) revelou que dos 48.155 jovens entrevistados, 41% já tinham usado algum tipo de bebida alcoólica entre 10 e 12 a nos de idade. Aos 18 anos a maioria (81%) já tinha tido esta experiência. Nos anos 70 os jovens começavam a beber entre os 14 e 15 anos de idade na proporção de uma moça para cada cinco rapazes. Em meados de 2004 o início deste hábito passou a ocorrer entre 12 e 13 anos e observou-se garotas bebendo a mesma quantidade que os rapazes. Calcula-se que 80% das pessoas que morrem em acidentes de trânsito ou por homicídios são jovens que estavam alcoolizados.
Ainda no estudo da Senad, verificou-se que mais que 50% dos estudantes faltavam à escola e 54% estavam um ano atrasado em relação à série considerada ideal para a idade provavelmente devido ao consumo de álcool.
O consumo de bebida alcoólica já se tornou um fenômeno entre os jovens. As bebidas mais bem aceitas por eles são cerveja e a vodka. Em nossa sociedade a iniciação a estas bebidas é considerada um ritual de passagem: a transformação do jovem em adulto. Infelizmente, esse é o modelo de adulto oferecido ao jovem.
Em doses diminutivas o álcool possui discreta ou nenhuma ação sobre as funções reprodutiva e sexual. O consumo crônico e prolongado, no entanto, prejudica todos estes aspectos podendo atingir a mais de 80% do comprometimento destas funções nos dependentes. Uma metanálise (avaliação de vários estudos científicos) indicou que as mulheres que bebem três ou mais drinques por dia tem 60% maior risco de desenvolver câncer de mama, quando comparada àquelas que não bebem. Aquelas que bebem 2 a 4 drinques aumentam este risco para 41%. Nestes estudos não houve distinção entre o tipo de bebida incluindo vinho, cerveja e coquetéis. Nenhuma delas é mais segura que as outras. Em 1993, o Instituto Nacional para o Estudo do Álcool, nos Estados Unidos (NIAAA), lançou um resultado de estudos demonstrando ligação, entre os bebedores pesados com câncer de esôfago, boca, laringe e cólon, principalmente se o indivíduo for também fumante.
Independente da dose, o álcool pode causar dependência química em 65% dos casos, levando, em casos extremos, a prejuízos da concentração e atenção, mesmo no estado sóbrio. Diminui o rendimento no trabalho, causa sono, cansaço, apatia, ansiedade, depressão, hipertensão arterial, risco maior de acidente vascular cerebral (derrame), obesidade e envelhecimento precoce. Estimula a experimentação e dependência do cigarro e drogas ilícitas. Aumenta a violência e o número de acidentes de trânsito com vítimas. Leva ao sexo precoce e a gravidez indesejada. Aos 60 anos, perda de 1.8% do volume cerebral afetando a memória e o raciocínio, a incidência de doenças malignas na laringe, faringe, intestinos. Em relação a fertilidade é bom que as pessoas saibam: O Álcool em excesso pode interferir na fertilidade e na sexualidade dos homens e mulheres.
•Diminui o desempenho e o desejo sexual.
•Atrofia das células produtoras de testosterona, causando infertilidade.
•Provoca danos à irrigação sanguínea causando impotência ligada a
falta de ereção.
•Diminui o número e a qualidade dos espermatozoides.
•Comportamento sexual de risco levando às DST’s.
•Interfere nos hormônios femininos.
•Diminui a menstruação.
•Causa problemas de ovulação.
•Infertilidade.
•Aumenta o risco de abortamento.
•Interfere na gestação.
•Comportamento sexual de risco levando às DST’s.
•Ganho de peso, pois bebidas alcoólicas são hipercalóricas.
Tanto a obesidade, quanto a magreza, pode ser prejudicial à fertilidade. As estatísticas demonstram que até 12% das causas de infertilidade são resultados do excesso ou baixo peso. O ideal, como quase tudo na vida é o equilíbrio. Cada indivíduo tem um peso ideal indicado para sua estatura e constituição física, que deverá proporcionar um melhor potencial reprodutivo, tanto para o homem como para a mulher. Os detalhes deste assunto estão sendo explicados de forma mais clara no capitulo 2 deste livro (“Como a alimentação pode interferir na fertilidade”).
Produtos do tabaco: cigarro, charuto, cachimbo, fumo de mascar, etc. Fumar é considerado por muitos como a causa de doença e morte mais previsível do ser humano. A maioria das pessoas que fumam não tem consciência que este vício provoca dependência e causa males a saúde que se agravarão no decorrer de suas vidas. A sensação que prevalece entre os fumantes é a diminuição da ansiedade e do estresse. Consideram um antidepressivo que ameniza “os aborrecimentos”. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que o uso do tabaco acarreta, aproximadamente, 5 milhões de óbitos por ano, ou seja, 10 mil falecimentos por dia. Se o ritmo atual de consumo for mantido, o número atual de mortos poderá alcançar 10 milhões por ano em 2020. No Brasil calcula-se que 17,4% da população é fumante, sendo que a maioria é adolescente. São 2,7 milhões de consumidores de cigarros que tem idade entre 12 e 17 anos. Quanto mais cedo se inicia o uso do fumo, maior será a possibilidade do aumento de quantidade de cigarros por dia. O aumento tende a ser progressivo. No Brasil, são 200 mil mortes a cada ano.
É importante destacar que quando se fala em “fumo”, não é só do cigarro que está se falando, mas também de outros produtos provenientes do tabaco como: charutos, narguile, cachimbo, fumo de mascar, etc…
Todos têm efeitos nocivos semelhantes. Maiores ou menores, mas sempre prejudiciais à saúde.
Embora este livro seja sobre “Fertilidade e Alimentação” este capítulo possibilita recolocar em foco o prejuízo a saúde causado pelo cigarro, pois, livros devem ter natureza educativa e, esta oportunidade não deve ser desperdiçada.
Cigarro e Fertilidade: O cigarro é considerado o veneno reprodutivo mais potente do século vinte e um. Vários estudos científicos comprovam seu efeito deletério sobre a saúde reprodutiva. A fumaça do cigarro contém centenas de substâncias tóxicas, incluindo a nicotina, monóxido de carbono, polônio radioativo, alcatrão, fenol, ácido fórmico, ácido acético, chumbo, cádmio, zinco, níquel, benzopireno e substâncias radioativas, as quais afetam a função reprodutiva em vários níveis, como a produção dos espermatozóides, motilidade tubária (importante para a captação do óvulo que sai do ovário no momento da ovulação), a divisão das células do embrião, formação do blastocisto (embrião com mais de 64 células) e implantação. Mulheres fumantes também podem apresentar maior incidência de irregularidade menstrual e amenorréia (falta de menstruação). A fertilidade é reduzida em 25% nas mulheres que fumam até 20 cigarros ao dia, e 43% naquelas que fumam mais de 20 cigarros, ou seja, o declínio da fertilidade tem relação direta com a dose de nicotina. Durante a gestação, o fumo pode aumentar a incidência de placenta prévia (placenta baixa), descolamento prematuro da placenta e parto prematuro.
Deve-se sempre estimular as pessoas a parar de fumar, especialmente os casais que estão tentando engravidar e principalmente homens nesta situação que apresentam contagem de sêmen no limite inferior a normalidade. Entretanto, mesmo com contagem de sêmen normal, o fumo deve ser desencorajado.
(Publicado pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva-
-ASRM)
•Homens e mulheres fumantes tem chances 3 vezes maior de sofrerem de infertilidade quando comparados àqueles que não fumam.
•Tentando estabelecer uma relação causal, os estudos atuais mostram que 13% da infertilidade feminina pode ser atribuída ao cigarro. Lembrando
que, 10 cigarros por dia já são o suficiente para prejudicar a
fertilidade.
•Mulheres tabagistas crônicas entrarão mais cedo na menopausa (um a
quatro anos antes), o que pode ser atribuído à aceleração da diminuição
do estoque de óvulos.
•O hábito de fumar está associado a um aumento do risco de abortamento
(aumento em até 27%) e gravidez ectópica (gravidez nas tubas).
•O cigarro na gravidez prejudica a fertilidade do filho homem.
•Filhos de mães fumantes tem dificuldade no aprendizado escolar.
•Filhos de pais fumantes tem maior chance de câncer.
•Mutação genética é um possível mecanismo pelo qual o cigarro pode
afetar a fecundidade e a função reprodutiva.
•Estudos científicos demonstraram que mulheres fumantes necessitam
de duas vezes mais tentativas de Fertilização in Vitro que as não fumantes,
além de necessitarem nos tratamentos uma quantidade maior
de medicamentos.
•Homens que fumam tem muito mais espermatozoides anormais que
os não fumantes e a porcentagem de anormais esta diretamente ligada ao número de cigarros fumados por dia.
•Fumantes passivos (tanto homens como mulheres) com exposição
excessiva ao cigarro também têm maior incidência de todas as alterações
descritas acima.
Mudanças ambientais têm preocupado autoridades no mundo todo. Muitas delas têm sido causadas pela evolução tecnológica, gerada pelo próprio homem e interferem no bem-estar das pessoas, agredindo vários órgãos do corpo humano e causando problemas de saúde. Existem alterações no meio ambiente que estão muito próximas de nós, no dia a dia (veja tabela 1), e prejudica a fertilidade dos casais, fato que tem sido demonstrado através de experiências laboratoriais realizadas em animais.
Embora muitos destes efeitos maléficos não sejam comprovados no ser humano, existem evidências que sugerem a interferência negativa destas
substâncias na fertilidade. Com os dados até hoje obtidos, podem ser
tiradas algumas conclusões que podem ser prevenidas, evitando, dentro do possível, o contato com estas toxinas. Esta tarefa preventiva, na maioria das vezes, é complicada e de difícil incorporação à rotina das
pessoas, mas, estar ciente destes problemas, poderá ser útil e ainda exigirá
algumas reflexões.
Tem sido observado nos últimos anos o aumento de casais que procuram os tratamentos de infertilidade. As justificativas para isto têmsido baseadas no avanço científico, aumento do conhecimento dos profissionais da saúde reprodutiva, divulgação destes problemas ao público leigo através dos meios de comunicação, desmistificação dos problemas de fertilidade do homem e o desejo da mulher em postergar a busca da maternidade para após os 35 anos, período este que se inicia a queda natural e progressiva da fertilidade.
Apesar dessas mudanças de comportamento, observa-se também um aumento absoluto das dificuldades dos casais em terem filhos. Há poucos anos, a US National Survey of Family Goowth realizou um levantamento sobre casais que tinham dificuldade de engravidar e, surpreendentemente, observou um aumento maior destes problemas em casais mais jovens com menos de 25 anos (42%).
Comparado com um aumento de 12% em casais entre 25 e 34 anos e de 6% para casais entre 35 a 44 anos. Isto, segundo esta publicação, pode sugerir que as alterações ambientais nos últimos anos prejudicam mais estes casais jovens por terem sido expostos a estas substâncias tóxicas num período de vida mais precoce. São várias as substâncias (tabela 1), mas, as mais conhecidas e discutidas, são as Dioxinas, Furans e PCBs.
As dioxinas, que agrupam substâncias como o Furano e PCBs, formam um grupo de compostos muito tóxicos ao ser humano. São produzidas principalmente na natureza pela queima de produtos orgânicos que contém cloro, na presença de pouco oxigênio (combustão). Muitos países da Europa (Japão também) julgaram que a queima do lixo em incineradores era a solução perfeita para que se livrassem do lixo doméstico, mas descobriram que o resfriamento dos gases provenientes desta combustão liberava as dioxinas e furanos, que ao se propagarem pela atmosfera, depositavam-se no meio aquático e no solo.
Em contato com os pastos elas passam para os animais e para a água.
Por serem pouco solúveis acumula-se em sedimentos na natureza e em regiões do organismo dos seres vivos como por exemplo o tecido gorduroso.
São transmitidas ao ser humano pelo alimento animal como a linguiça,
queijos, leite, manteiga e carne entre outros e até no leite materno. Entre As dioxinas, que agrupam substâncias como o Furano e PCBs, formam
um grupo de compostos muito tóxicos ao ser humano. São produzidas principalmente na natureza pela queima de produtos orgânicos que contém cloro, na presença de pouco oxigênio (combustão). Muitos países da Europa (Japão também) julgaram que a queima do lixo em incineradores era a solução perfeita para que se livrassem do lixo doméstico, mas descobriram que o resfriamento dos gases provenientes desta combustão liberava as dioxinas e furanos, que ao se propagarem pela atmosfera, depositavam-se no meio aquático e no solo.
Em contato com os pastos elas passam para os animais e para a água. Por serem pouco solúveis acumula-se em sedimentos na natureza e em regiões
do organismo dos seres vivos como por exemplo o tecido gorduroso.
São transmitidas ao ser humano pelo alimento animal como a linguiça, queijos, leite, manteiga e carne entre outros e até no leite materno. Entretanto isso não significa que as mães não devam amamentar, pelo contrário,
pois os efeitos benéficos deste ato são ainda muito grandes.
(adaptada de Schettler, 2003)
AVISO: É muito difícil, praticamente impossível, evitar o contato com muitas destas substâncias. O conhecimento deste prejuízo é importante, pois, muitas vezes, algumas medidas poderão ser tomadas para evitar este contato. Entretanto, os interessados não devem, de forma alguma, ter um comportamento obsessivo e diferente daqueles que levam uma vida normal.
OS PRODUTOS E ONDE PODEM SER ENCONTRADOS | EFEITOS NOCIVOS NA MULHER | EFEITOS NOCIVOS NO HOMEM |
PERCLOROETILENO - tintas, produtos de limpeza, tinturaria e alimentos com corantes. | Abortos spontâneos, malformação cromossômica, alterações no sistema imunológico. | desconhecidos |
TOLUENO – produtos domésticos, cola, solventes, produtos de limpeza e gasolina, esmalte para unhas. |
Aborto espontâneo, diminui a fertilidade em geral. |
Diminuição da concentração de espermatozóides. |
PHTHALATES – materiais plásticos como polivinil, adesivos plásticos e pigmentos para pintura. É também muito usado em loções, cosméticos e solventes de perfumes. |
Diminuem a fertilidade, abortos, e causam complicações obstétricas como a toxemia gravídica (pré – eclâmpsia) |
Danos ao sêmen de um modo geral |
OS PRODUTOS E ONDE PODEM SER ENCONTRADOS | EFEITOS NOCIVOS NA MULHER |
EFEITOS NOCIVOS NO HOMEM |
BISPHENOL – embalagens plásticas, latas de alimentos, CD’s e impermeabilizantes para dentes. |
Alterações cromossômicas em ratos. Não existem estudos no ser humano. |
Diminui a concentração de espermatozóides. Não existem estudos em homens. |
FORMALDEÍDO – usado em alguns materiais de construção produtos de uso doméstico, cosméticos, tinturas, produção de borracha. |
Menstruação irregular, diminui a fertilidade |
desconhecidos |
desconhecidos | Abortamentos, infertilidade, alterações menstruais e alterações do desenvolvimento do feto. |
Diminuição da quantidade de espermatozóides. |
SOLVENTES em geral (misturas) |
Abortamentos, infertilidade, alterações hormonais, diminui o hormônio LH |
Alterações do sêmen |
CHUMBO – pilhas, cerâmicas, jóias, água potável (através da corrosão de encanamentos) e tintas. |
Abortos. Podem atingir o feto causando danos ao sistema nervoso. |
Reduz a fertilidade pela diminuição do número de espermatozóides. |
CLORIDRATO DE HIDROCARBONETO – alguns pesticidas, plásticos de industriafarmacêutica, Dioxinas e PCBs |
Endometriose, abortos, alterações na formação do óvulo e no desenvolvimento do embrião. |
Alteração do espermatozóide |
OS PRODUTOS E ONDE PODEM SER ENCONTRADOS |
EFEITOS NOCIVOS NA MULHER |
EFEITOS NOCIVOS NA MULHER |
PESTICIDAS (DDT) – herbicidas e fungicidas |
Abortos, óbito fetal, infertilidade. |
Diminui a concentração de espermatozóides. Não existem estudos em homens. |
DIOXINA - produto de combustão transportada pelo ar, deposita-se no meio aquático e no solo. Tem afinidade por alimentos com gordura; cai nas pastagens, passa para gordura dos animais e daí para alimentação. |
Endometriose, infertilidade, aborto, redução do numero de folículos e alterações hormonais. |
Interfere na qualidade e fragmentação dos espermatozóides. |
PCBs – bifenilpoliclorado (plychlorinated biphenyl), usados em aplicações industriais e comerciais, incluindo os de eletricidade, equipamentos hidráulicos, plásticos, produtos de borracha e papeis. |
Endometriose, infertilidade, aborto, redução do número de folículos. Alterações hormonais. |
Interfere na qualidade e fragmntação dos espermatozóides. |
ARSÊNICO, CÁDMIO, MERCÚRIO – doenças profissionais que utilizam esses metais. |
Abortamentos, infertilidade, alterações do desenvolvimento do feto. |
Diminuição de quantidade de espermatozóides. |
FURANS OU FURANE (diabenzofuranospoliclorados) - composto orgânico produzido na combustão de madeiras. |
Endometriose, infertilidade, aborto, redução do número de folículos. Alterações hormonais. |
Interfere na qualidade dos espermatozóides e fragmentação do DNA. |
Os exercícios demasiados afetam a ovulação e a concentração dos espermatozóides.
Na mulher, impede a ovulação e no homem abaixa o nível de testosterona. De acordo com Sarah Brewer no seu livro: “Planning a baby?” , homens que realizam exercícios, musculação ou corrida quatro vezes por semana, tem uma diminuição expressiva na sua quantidade de espermatozóides.
Estudos científicos compararam a influência dos exercícios físicos na qualidade do sêmen quando um grupo de homens passava a praticá-los quatro vezes por semana, ao invés de duas. Houve uma queda da concentração de 43%, diminuição da motilidade e aumento de formas imaturas.
Nas mulheres o exercício em excesso pode levar perturbações hormonais, ovulação inadequada e até ao desaparecimento das menstruações (amenorréia).
OBSERVAÇÂO: Exercícios moderados são recomendáveis, desde que não haja contra-indicação
Este item é dedicado principalmente aos pais, tios, avós e a todos que cuidam ou estão próximos aos jovens e adolescentes. É um alerta que muitas doenças quando percebidas e tratadas precocemente podem evoluir de uma maneira menos grave e evitar a perda da fertilidade.
Algumas doenças no sistema reprodutor masculino como a criptorquidia (quando os testículos não desceram para a bolsa escrotal depois do nascimento e permanecem na região inguinal), torção testicular, varicocele e infecções prejudicam a fertilidade do homem e podem ser diagnosticadas e tratadas precocemente, preservando a fertilidade e evitando complicações futuras. Na maioria das vezes podem estar refletidos no exame clínico pela visualização direta dos testículos e na análise do sêmen: o espermograma: na concentração dos espermatozóides (pelo menos 15 milhões/ml), morfologia (o formato da maioria deles deve ser oval -morfologia de Krüger) e a motilidade (metade deles devem ter movimentos vigorosos e direcionais). Alterações destes valores podem levar à infertilidade.
Criptorquidia: .Durante a gravidez do bebê masculino, os testículos se desenvolvem dentro do abdômen dele e só após o nascimento descem para a bolsa escrotal. Em alguns casos (0,8%) mesmo após o nascimento, eles permanecem no interior do abdômen, mas, se permanecerem neste local por alguns anos, poderá levar à infertilidade. Se a descida dos testículos não ocorrer espontaneamente, este problema deverá ser corrigido através de cirurgia realizada nos primeiros dois anos de vida.
Torção dos testículos: A torção de testículos é um processo agudo que ocorre em 1 a cada 4 mil crianças e adolescentes e pode causar infertilidade. É uma situação de emergência que causa dor aguda na região dos testículos. O tratamento é cirúrgico e deve ser realizado num período máximo de 8 a 12 horas para que não haja prejuízo na qualidade dos espermatozóides.
Varicocele: É a dilatação das veias que circundam os testículos provocando um provável defeito valvular destes vasos sanguíneos. Acredita-se que esta alteração causa aumento da temperatura local prejudicando a produção dos espermatozóides.
A varicocele ocorre em 15% da população masculina, e é encontrada em
50% dos homens com dificuldade em ter o seu primeiro filho e em até 69%
são homens que já foram pais pelo menos uma vez.
É classificada em graus de severidade, que vão de grau 1 (a mais simples)
até grau 4 (a mais grave). Somente os graus avançados são responsáveis pela
infertilidade e devem ser submetidos a cirurgias para a sua correção.
O diagnóstico precoce e o eventual tratamento, ainda na juventude, podem evitar situações dramáticas de ausência total de espermatozóides ( azoospermia) em uma fase posterior da vida.
Infecções: Infecções do trato genital tanto de próstata, epidídimo ou testículo, podem causar a infertilidade. As infecções por clamidia, que muitas vezes não apresentam sintomas, têm sido uma das responsáveis
pelo aumento das causas de infertilidade nos últimos anos e, por isso, merece atenção especial, principalmente no diagnóstico precoce (leia mais sobre o assunto em”DST’s”). Histórias de caxumba depois da puberdade
são também muito importantes, porque até 30% dos homens deverão ter diminuição da produção de espermatozoides. A vacinação precoce ajuda a resolver este problema.
A Síndrome dos Ovários Policísticos ocorre em 6 a 10% das mulheres que estão na idade fértil (20 a 44 anos). É uma doença endócrina caracterizada pelo excesso de produção do hormônio andrógeno, anovulação (ausência de ovulação) crônica e todos os sintomas associados (que provém destes) a estes desequilíbrios. É a mais comum disfunção hormonal feminina nos dias de hoje, como também a principal causa de infertilidade por falta de ovulação. A SOP não pode ser prevenida, mas quanto mais precoce for o diagnóstico, menor será a chance de complicações futuras.
Já na adolescência podem ser notados os sinais desta síndrome e por isso, além dos fatores hereditários que podem prenunciar o surgimento futuro desta doença (mãe e irmãs), deve-se estar atento à obesidade, à quantidade de pêlos no corpo e ao padrão menstrual alterado, geralmente longo, alterações estas que podem ser notadas pelos pais.
Uma vez que entre as causas mais freqüentes de infertilidade está o fator ovulatório e a SOP é a mais comum, conclui-se que o diagnóstico precoce pode evitar as complicações, entre elas a infertilidade. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será a cura ou o equilíbrio da doença.
A Síndrome dos Ovários Policísticos deve ser diagnosticada e tratada já na adolescência devido às complicações reprodutivas, metabólicas e oncológicas que podem estar associadas a ela. O melhor tratamento preventivo é uma dieta alimentar equilibrada e um estilo de vida saudável.
Todas as mulheres:
• Estejam atentas a diagnósticos de síndrome dos ovários policísticos e
obesidade na família.
• Controlem e mantenham seu peso dentro dos padrões recomendados
para sua estatura e constituição física.
• Pratiquem esportes ou outras atividades físicas.
• Tenham uma dieta equilibrada e saudável.
• Em caso de dúvidas procurem um médico especialista.
• Estejam atentos a diagnósticos de síndrome dos ovários policísticos e
obesidade na família.
• Controlem a obesidade das crianças e adolescentes (observem seus
filhos desde a infância). Estimulem a alimentação saudável.
• Estimulem as atividades físicas e a prática de esportes.
• Estejam atentos à periodicidade do ciclo menstruais.
• Em caso de dúvidas procurem um médico especialista.
A endometriose pode dar sinais da sua existência numa fase precoce da vida. Assim, já é possível observar em muitas meninas, na adolescência, sinais do início da doença que podem levar a um diagnóstico precoce e a consequente cura logo no início, antes que alterações mais graves apareçam e provoquem a infertilidade (mais explicações sobre esta doença encontram-se no Capítulo 1e Capítulo 4 ).
A hereditariedade da endometriose já é conhecida há algum tempo. Calcula-se que, nestes casos, a ,incidência pode estar em até 6% nos parentes de primeiro grau e por isto a doença já deve ser suspeitada
quando estas mulheres tiverem sintomas, ainda que discretos (cólica, irregularidade menstrual, etc.). Nesta oportunidade, os exames necessários
devem ser feitos para elucidação diagnóstica. Quanto mais
precoce for a intervenção curativa, maior a chance de evitar as possíveis complicações como a distorção anatômica causada pela doença, entre as outras já comentadas. O pouco conhecimento que a mulher
tem sobre a endometriose faz com que muitas delas acreditem ser normal ter cólica menstrual intensa e não procurem um médico. Porém, mesmo quando o fazem, o diagnóstico demora a ser estabelecido.
Em geral o tempo entre os sintomas iniciais até o diagnóstico
pode alcançar até 10 anos ou mais.
O diagnóstico de câncer é considerado um dos mais sofridos na vida de uma pessoa. Entretanto, se por um lado esta realidade causa pânico ao se pensar no futuro que vem pela frente, a posterior notícia que os tratamentos para este mal estão cada vez mais eficazes, pode trazer algum conforto. Uma das mais importantes considerações ao se determinar qual será o tipo de tratamento que o paciente será submetido, principalmente para crianças antes da puberdade, adolescentes, homens e mulheres mais jovens que não têm filhos e ainda os desejam ter, é: qual será o prejuízo da fertilidade após a recuperação? Estima-se um aumento progressivo do número de sobreviventes de tratamentos de câncer, pois as radioterapias, a quimioterapia, em conjunto com cirurgias, podem curar até 90%. Isto torna a responsabilidade do médico oncologista ainda maior pois, não estar atento a este detalhe tão importante, poderá reservar um futuro muito frustrante para este paciente.
Quanto às mulheres calcula-se que, anualmente, 650 mil são atingidas pelo câncer invasivo e 8% delas (52 mil) têm menos de 40 anos. Estima-se que uma em cada 52 mulheres deverá ter câncer antes dos 39 anos.
A cada ano mais mulheres jovens têm câncer. Também são registrados
anualmente um aumento de 0,3% de casos. O índice de cura vem aumentando:
0,6% por ano e por isso é importante pensar na fertilidade
futura destes pacientes. A radioterapia, quando for realizada no baixo
abdômen, poderá danificar ou até destruir os ovários, dependendo do
tamanho e da localização do tumor e da intensidade da irradiação necessária
para a cura.
Quando isto ocorre, a mulher pára de produzir hormônios e entra na
menopausa, impedindo a gestação com seus próprios óvulos. O mesmo
pode ocorrer com a quimioterapia que, dependendo das drogas utilizadas
e das doses necessárias para a cura da doença poderá, além de extinguir o
tumor, prejudicar também a função ovariana. As cirurgias castradoras são,
muitas vezes, a melhor opção para a cura da mulher, entretanto poderão
definir para sempre o futuro infértil da mulher. As mesmas considerações
são válidas para o homem. É importante que o médico que trata o paciente
com câncer tenha conhecimento das técnicas atuais para preservação da
fertilidade, a fim de garantir, após a cura dos seus pacientes, a possibilidade
de terem filhos e construírem suas famílias.
Congelamento do sêmen
É um processo realizado com técnicas bem estabelecidas e resultados confiáveis. O sêmen deverá ser coletado através da masturbação, preferencialmente em várias amostras. Será congelado a -196°C, armazenado
por tempo indeterminado podendo ser descongelado e utilizado no momento adequado.
Congelamento de tecido testicular
Embora o congelamento do sêmen seja uma opção simples e de fácil
execução, o congelamento do tecido testicular pode oferecer uma opção
em longo prazo, principalmente nos casos de alguns tumores que prejudicam
a qualidade do sêmen. É ainda uma técnica experimental, mas
pode em alguns casos ser a única opção. Espera-se que no futuro, com o
avanço nas pesquisas para o uso de células-tronco, a técnica de congelamento
testicular possa ser uma alternativa interessante.
Observação
Quando houver urgência para o início do tratamento oncológico, pelo menos uma amostra de sêmen deverá ser congelada.
A radioterapia e a quimioterapia tendem a acelerar ainda mais esta
perda da capacidade reprodutiva. Novas técnicas têm proporcionado
esperanças para preservar ou recuperar a fertilidade em meninas e mulheres
que são submetidas a tratamentos de câncer. Entre elas estão o
congelamento de embriões, tecido ovariano, óvulos e transposição dos
ovários em caso de radioterapia.
Congelamento de embriões (Técnica de vitrificação)
Através da fertilização in vitro, o ovário é estimulado com hormônios, os óvulos retirados e posteriormente fertilizados em laboratório. Formam-se os embriões que serão congelados em nitrogênio líquido
a -196°C permanecendo assim por tempo indeterminado. É considerada
uma boa técnica por ser eficaz e proporcionar taxas de gravidez
ao redor de 40%, mas é restrita à pacientes que não necessitam de um
tratamento oncológico imediato e a tumores que não são afetados por
hormônios. Além disso, a mulher já deve estar com o parceiro com o
qual pretende formar uma família. Outra preocupação já comentada
anteriormente é o fato dos embriões serem legal e eticamente considerados
seres vivos e, por isso, em nenhuma hipótese, poderão ser
descartados. Caso haja desinteresse por um dos membros do casal em manter os embriões congelados ou o desejo de utilizá-los para futura gestação, eles não poderão ser exigidos pelo outro, o que pode levar a conflitos judiciais. O congelamento de óvulos e tecido ovariano não
têm este compromisso.
Congelamento de tecido ovariano
Pode ser uma ótima alternativa, em crianças que ainda não atingiram a puberdade e por isto não têm ainda óvulos para serem congelados
e em pacientes que não podem ser submetidos à indução da
ovulação com hormônios. Através da videolaparoscopia, uma técnica
cirúrgica minimamente invasiva, é retirada uma parte de um dos ovários.
Este tecido é congelado permanecendo assim até o momento adequado
para ser reimplantado. Não existe um período pré-determinado.
O tecido poderá ser fragmentado ou não e poderá ser reimplantado na região pélvica, sobre o outro ovário, perto das trompas (tópico), ou em locais diferentes como parede abdominal ou braço (heterotópico). Nestas condições, para que ocorra gravidez, normalmente, são necessários medicamentos para indução da ovulação usados habitualmente nos tratamentos de fertilização in vitro. Ainda é uma opção que oferece pequenas taxas de sucesso, mas pode ser indicada quando não houver uma alternativa mais adequada.
Congelamento de óvulos ( Técnica de vitrificação)
É uma técnica muito importante por oferecer bons resultados de gravidez
futura. Tem como vantagem, em relação aos embriões, o fato de serem células
e, por isso, se não forem mais desejados poderão ser descartados. A paciente
deverá ser submetida a um tratamento de indução da ovulação semelhante ao
da fertilização in vitro com a retirada dos óvulos e posterior congelamento.
Nestes casos, existem duas possibilidades com o mesmo fim. Se o tumor
que a paciente tem, necessitar de quimioterapia e puder esperar três a cinco semanas para o início do tratamento oncológico, receberá medicamentos para a estimulação ovariana para que haja um número maior de óvulos a
ser congelados, pois um número maior garante melhores resultados no futuro. O tipo de medicação vai depender de o tumor ser sensível ou não ao hormônio estrogênio que poderá se elevar neste tipo de tratamento e piorar a evolução da doença. Entretanto, é importante saber que para estes casos existem estratégias adequadas para indução da ovulação, que encurtam o período de indução e exposição do tumor a este hormônio. Mas, se não puder
receber os hormônios convencionais, poderão ser utilizados outros mais
“fracos” que podem gerar um número menor de óvulos ou até utilizar um ciclo natural sem remédios.
Em alguns casos específicos os óvulos poderão ser maturados no laboratório por uma técnica especial (Maturação in Vitro) para posteriormente serem congelados. Desta maneira diminui-se ainda mais o tempo de exposição ao estrogênio.
Transposição dos ovários
Nas situações em que for necessária a radioterapia na região pélvica, os ovários poderão ser atingidos diretamente e ter a sua reserva ovariana prejudicada. Para evitar esta proximidade dos ovários com as
“sondas” dos aparelhos poderá ser realizada uma cirurgia minimamente
invasiva (videolaparoscopia) que colocará os ovários, durante o período
do tratamento, distante do local que será atingido pela radiação. Após o
término do tratamento através da mesma técnica cirúrgica, os ovários
poderão voltar para o local original.
Proteção Medicamentosa
Existem controvérsias se os danos causados pela quimioterapia aos ovários
podem ser amenizados por alguns medicamentos, como por exemplo,
os análogos do GnRH. Alguns estudos têm demonstrado vantagens nesta
produção, porém não existe, ainda, um consenso nesta afirmação.
Entretanto, pode ser uma alternativa quando somada à outras técnicas
de preservação da fertilidade.
O número de homens e mulheres que desejam ter filhos em uma idade mais avançada vem aumentando nos últimos anos e com isso, cada vez mais aumenta o interesse pelo efeito do envelhecimento na capacidade de ter filhos. Segundo algumas publicações, o número de mulheres que têm seu primeiro filho ao redor dos 20 anos diminuiu um terço desde 1970, ao passo que, na casa dos 30 ou 40, quadruplicou neste período. Na maioria das vezes isso se deve a incorporação da mulher de forma intensa na vida profissional visando o sucesso da sua carreira e a busca da estabilidade financeira; ou pelo início tardio a uma vida afetiva que desperte o desejo de ter filhos, seja pela dificuldade de encontrar um parceiro, seja pelo ingresso em um novo casamento. Esta é uma realidade cada vez mais comum.
O congelamento de óvulos pela técnica de vitrificação é uma saída que pode minimizar esta angustia das mulheres nesta situação, pois nem sempre o parceiro ideal para ser o pai de seus filhos surge no momento que desejam. Pode demorar anos que contribuirão para o envelhecimento dos seus óvulos e dificuldades em engravidar. Se num futuro ainda próximo esta mulher encontrar “a sua alma gêmea” ela poderá tentar a gravidez naturalmente e descartar os óvulos que foram anteriormente congelados após a constituição da sua família. Se o “príncipe encantado” demorar muitos anos para aparecer, quando estiver próxima a menopausa, os óvulos congelados no passado poderão ser fertilizados e darão uma chance maior de gestação e menor índice de abortamento e má-formação, se comparados com um tratamento feito em idade mais avançada. (Veja o capítulo 11 “O envelhecimento ovariano”)
Os homens também perdem a sua fertilidade, não com a mesma intensidade das mulheres, mas de uma forma mais lenta. Da mesma forma que as mulheres, notou-se nas últimas décadas um aumento de 20% de pais com idade superior a 35 anos. No Brasil e na Europa, neste mesmo período, mais homens entre 50 e 65 anos têm procurado os serviços médicos em medicina reprodutiva com o desejo de serem pais.
Alguns estudos já têm demonstrado em homens com mais idade um declínio progressivo da fertilidade, - não com a mesma intensidade da mulher - quando se compara o tempo de demora para conseguir a gestação entre dois grupos de mulheres, com menos de 35 anos, casadas com homens de duas diferentes faixas etárias. Em um grupo, mulheres casadas com homens entre 25 e 30 anos e num outro, mulheres casadas com homens com mais de 50. As mulheres com maridos mais velhos demoraram mais para engravidar e as taxas de aborto foram maiores. Portanto estes dados comprovam que a gravidez é mais fácil em homens mais jovens. A relação da idade do homem com a fertilidade envolve muitos fatores, entre eles, os hormônios sexuais, disfunção sexual, função testicular, alterações genéticas do sêmen e a fragmentação do DNA do espermático.
Destas as que são mais facilmente avaliadas, são as alterações da qualidade do sêmen e a fragmentação do DNA do espermático. Portanto, a perda da fertilidade um fato inexorável para homens e mulheres, mas pode ser administrado com cautela. Não fumar, manter o peso saudável e evitar DSTs, são algumas das maneiras de tentar prolongar a capacidade reprodutiva de ambos.
Existem alguns exames que podem avaliar de maneira precisa o potencial reprodutivo da mulher. Eles não garantem a longevidade reprodutiva, mas dão uma idéia desta capacidade. A Reserva Ovariana é avaliada, fundamentalmente, pela dosagem sangüínea de quatro hormônios no 3º dia do ciclo menstrual: FSH, estradiol, inibina-B e hormônio anti- -mulleriano além da ultrassonografia no início do ciclo menstrual.
•FSH maior do que 10 mlU/ml e estradiol maior que 35 pg/ml, geralmente
sugerem uma má respondedora aos estímulos hormonais
(“Poor Responder”).
•FSH menor do que 10 mlU/ml e estradiol menor do que 35 pg/ml
geralmente sugerem uma boa respondedora aos estímulos hormonais
(“Good responder”).
•Inibina-B: é um hormônio fabricado pelas células dos ovários e indica
a quantidade de óvulos disponíveis para serem fertilizados. Quando
estiver com concentração abaixo do normal, significa que existe uma
diminuição deste número e a capacidade de engravidar está também,
teoricamente, menor.
•Hormônio anti-mulleriano(AMH): É um hormônio fabricado por células
granulosas do ovário(folículos) e dá uma idéia do número de
óvulos existentes nos ovários capazes de serem fertilizados no presente
e, para o futuro, a possível longevidade reprodutiva.
•ULTRA-SONOGRAFIA: avalia o tamanho, o volume dos ovários e
a presença de folículos iniciais (ou folículos primordiais). Ovários pequenos
e sem estes folículos significa uma Baixa Reserva Ovariana.
1- Procurem engravidar antes dos 35 anos.
2- Se houver histórico familiar de menopausa precoce e ainda não puder
engravidar, congelem seus óvulos.
3- Se estiverem com idade próxima aos 35 e com uma vida conjugal
estável e sem filhos, saibam que o melhor momento é agora. Não
adiem mais, pois a fertilidade de vocês não estará melhor nos próximos
anos.
4- Se estiverem com idade próxima aos 35 e se não houver perspectivas
de um casamento em curto prazo, pensem na possibilidade de congelar
óvulos.
• Procurem ter seus filhos antes dos 45 anos.
• Façam espermograma em qualquer fase da vida. Muitas alterações
diagnosticadas precocemente podem impedir que o quadro se agrave
com o passar dos anos. Doenças como varicocele ou anomalias
cromossômicas como a microdeleção do cromossoma “Y”, podem
determinar a queda progressiva do número de espermatozóides
podendo chegar a zero(azoospermia). O congelamento preventivo
pode ser uma opção.
• Tenham hábitos de vida saudável: não fumem, mantenham o seu peso
dentro dos padrões ideais para sua estatura e constituição física, evite
as DST’s
• Evitem café, bebidas em excesso e drogas recreativas.